O último ano foi produtivo para diversas áreas da Neurologia. Aqui resumimos os destaques, numa linguagem fácil de compreender.
AVC (Acidente Vascular Cerebral, “derrame”):
Uma nova pesquisa apontou para benefícios em se realizar a trombectomia para os AVCs agudos até 24h. Este tipo de “cateterismo” aplicado na área de oclusão de um grande vaso cerebral é feito, atualmente, apenas para pacientes que conseguem chegar a um hospital e confirmar o diagnóstico em poucas horas após o início dos sintomas. No entanto, se os dados deste estudo forem confirmados em próximas pesquisas, esta técnica de tratamento poderá beneficiar muito mais pessoas, evitando sequelas do AVC.
Outra novidade é sobre o polêmico tema do forame oval patente (FOP), um pequeno orifício que algumas pessoas possuem no coração e que poderia predispor ao AVC. Até recentemente, não havia clareza sobre o real benefício do procedimento para fechar os FOPs. Todavia, três grandes pesquisas internacionais publicadas este ano apontam para maiores evidências científicas a favor desta abordagem.
DOENÇA DE ALZHEIMER:
Uma metanálise (revisão de diversas pesquisas) sobre a Doença de Alzheimer sugeriu que a associação das medicações donepezila e memantina pode ser mais eficaz para sintomas cognitivos (perda de memória) e comportamentais (depressão, apatia etc), mas seu uso deve ser avaliado caso a caso.
SONO:
Na medicina do sono, um estudo americano acompanhou mais de 1.700 pacientes e mostrou relação inversa entre o tempo de sono e o risco de morte por infarto do coração e AVC, além de problemas de memória e depressão.
Todavia, quando falamos de sono, não é só a quantidade de sono que tem importância: a qualidade do sono também é essencial. Por exemplo, sonolência diurna em excesso pode ser sinal de algum distúrbio de sono à noite. Neste sentido, a apnéia do sono pode levar à piora na qualidade do sono, ainda que não se perceba. Um estudo aplicou testes neuropsicológicos em mais de 1.000 pessoas e revelou que a gravidade da apneia associou-se ao aumento do risco de quadros demenciais.
DOENÇAS DOS NERVOS E DOS MÚSCULOS:
Este ano tivemos ainda um ensaio clínico japonês para a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença ainda difícil de tratar, que causa dramática perda progressiva dos movimentos e leva ao óbito em 3 a 5 anos, na média. Este estudo avaliou o medicamento edaravona que trouxe alguma melhora após 6 meses de uso.
A pregabalina, remédio usado para dor ciática, teve sua eficácia questionada numa pesquisa que a comparou com o placebo, o que demanda maior rigor na escolha de tratamentos para este tipo de dor nas pernas.
No Brasil, a ANVISA liberou a medicação nusinersen para Atrofia Muscular Espinhal (AME). Esta patologia genética degenerativa gera fraqueza e atrofia dos músculos, afetando até a respiração. O novo remédio foi associado a melhora dos movimentos e menos necessidades de aparelhos respiratórios.
ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM):
Por fim, também tivemos avanços na neuroimunologia. A EM é a segunda causa de incapacidade neurológica em jovens e gera sintomas diversos, como formigamentos, alterações visuais e desequilíbrio.O exame do líquor (punção lombar) será formalmente incluído como um dos itens a serem usados no diagnóstico da EM. Felizmente, o SUS incorporou novas medicações para esta doença e o FDA americano (US Food and Drug Administration) aprovou o ocrelizumab para as formas progressivas (mais grave) da doença. Veja mais em https://goo.gl/SuFebF.
Esperamos que o ano de 2018 seja ainda mais produtivo cientificamente para a neurologia.